Acompanhando mobilização nacional convocada pelas centrais representativas dos trabalhadores brasileiros, diversas categorias em Manaus também estão se movimentando para um grande ato de paralisação em 10 de agosto, chamado de Dia do Basta. A ideia é literalmente levar para as ruas de todo o país um grito de ‘basta’ a todos os desmandos políticos e econômicos que vêm ocorrendo na gestão do golpista Michel Temer.
Para isso, representantes locais de entidades como a CUT, Força Sindical, CTB, UGT, CSB e CSP-Conlutas, além do Dieese e de diversos sindicatos do setor público e privado, se reuniram na manhã desta quinta-feira (18), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, para traçar as estratégias para a mobilização na capital do Amazonas
Por parte do Sindesp-AM, marcaram presença na assembleia o secretário geral, Walter Matos, a secretária de assuntos jurídicos, Geralda Oliveira; o secretário de filiação, Adminildo dos Santos, e o secretário de aposentados e pensionistas, João Leite.
Os trabalhos foram abertos pelo supervisor do Dieese no Estado, Inaldo seixas, e conduzidos pela presidente da CTB, Isis Tavares, auxiliada pelos demais representantes de entidades que compuseram a mesa, a exemplo do secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos.
Em âmbito nacional, as bandeiras de lutas para esse Dia do Basta se impõem, principalmente, sobre os direitos trabalhistas, que têm sido cada vez mais usurpados pelo ilegítimo governo e sua corja no Congresso Nacional, mas também reflete outras angústias da classe operária. Por isso é preciso dizer ‘basta’ ao desemprego e à retirada de direitos, ‘basta’ ao aumento nos preços do gás de cozinha e combustíveis, ‘basta’ de privatizações e ainda ‘basta’ à ditadura do Judiciário, com a organização de um comitê por ‘Lula livre’.
Isis Tavares abriu os trabalhos ressaltando sua preocupação sobre como as entidades do movimento sindical vão dialogar com os mais de 30 milhões de brasileiros que estão desempregados e vendo seus direitos escorrerem pelo ralo, dentre eles uma grande parcela de jovens e outra de mulheres, que segundo o último levantamento do Ipea são os mais afetados pela falta de vagas formais.
Pensando nisso, as centrais sindicais construíram uma carta com 22 pontos, colocando suas prioridades para os candidatos a futuros dirigentes do país. “Dentre essas estão a revogação da Reforma Trabalhista, da EC95/16 e da terceirização”, informou a sindicalista.
Já com relação ao Dia do Basta, em 10 de agosto, Isis Tavares informou que a orientação nacional é para que haja atos e paralisações nos locais de trabalhos de cada categoria, além de uma grande marcha unificada de todos os trabalhadores pela parte da tarde, em algum local estratégico do centro da cidade. Porém, deixou claro que, localmente, a mobilização seria construída de acordo com o melhor entendimento de todos os envolvidos.
Nesse contexto, vários representantes de entidades locais se manifestaram e ponderaram que atos isolados pela manhã poderiam esvaziar o movimento da tarde. Por conta disso, optaram por reservar a parte da manhã para a mobilização e chamamento dos trabalhadores em suas bases para a grande marcha da tarde. Entretanto, por sugestão do secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos, uma segunda reunião ficou agendada para o próximo dia 25 de julho, a partir das 14h, onde serão alinhados os por menores do movimento para o dia 10. Por enquanto, cada central e sindicato presente ficou de trabalhar nas suas bases a convocatória das categorias para o grande ato unificado.
Outra contribuição do secretário geral do Sindsep-AM foi quando a discussão qualificada sobre mandatos eletivos. “Sugiro que na próxima reunião seja convidado um especialista que possa nos dizer qual é a cara do Congresso Nacional do ponto de vista da representatividade por categoria e do que a classe trabalhadora quer para o seu futuro”, argumentou, sendo apoiado pelos demais presentes. Outra ideia forte para esse dia é a união do movimento sindical com os momentos sociais, por isso, todos os representantes destes deverão ser convocados para a reunião do dia 25.
Outros temas
Outros assuntos tratados durante a plenária das centrais foram ‘as relações trabalhistas condicionadas à Reforma Trabalhista’ e o ‘futuro do movimento sindical frente ao novo cenário do capitalismo’, com a chamada ‘revolução 4.0’, ou nova revolução industrial.
“Eu defendo a luta de classe e compreendo que o momento é de embate da elite contra os outros. Então, não podemos baixar nossa guarda. A autonomia e independência dos sindicatos são fundamentais para arrancarmos as conquistas”, se posicionou Walter Matos sobre a situação futura das entidades sindicais.
Já sobre a nova revolução industrial, Inaldo Seixas, do Dieese, afirmou que, quando o capitalismo faz uma ‘reforma’, ou uma nova divisão do trabalho, o movimento sindical precisa se posicionar frente a essa nova situação, pois, normalmente, quando isso acontece, o maior impacto vem para a classe trabalhadora, seja em forma de desemprego ou de precarização e retirada de direitos. “Daí a necessidade de nos organizarmos para fazer esse enfrentamento”, ressaltou o técnico.
Segundo os participantes da assembleia, se nada for feito, o impacto no trabalhador será avassalador, mas, se os trabalhadores se organizarem, pode ser que consigam minimizar alguma coisa, já que não poderão, de fato, travar essa ‘revolução 4.0’, onde a mão de obra humana será quase toda substituída por robores.