Com uma proposta de reflexão sobre a atual conjuntura de ataques e sucateamento do serviço público brasileiro, servidores públicos federais do Amazonas participaram, na manhã desta sexta-feira (27), de um café da manhã alusivo à data que comemora o dia da categoria, 28 de outubro. O evento foi promovido pela direção do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas (Sindsep-AM) e aconteceu, simultaneamente, em espaços do Inpa, Incra, Ibama, Funai, Conab, Ministério da Agricultura, Dnit e Funasa, que receberam ainda servidores do Ceplac, Inmet e SFA, ANTT e Ministério dos Transportes, Ministério da Saúde, Disas (cedidos à FVS), Lacen e Seai.
Nos encontros, que também contaram com sorteio de diversos brindes, as lideranças do Sindsep-AM repassaram aos presentes todas as informações pertinentes a atual situação de ataques patrocinada pelo atual governo contra a categoria e anunciaram, para 10 de novembro, participação no Dia Nacional de Mobilizações, Greves e Paralisações em Defesa dos Direitos e contra as Reformas Trabalhista e Previdência.
“Precisamos nos unir e nos mobilizar contra os ataques brutais que esse governo ilegítimo tem feito aos servidores e trabalhadores como um todo. São conquistas históricas indo pelo ralo abaixo”, comentou o secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos, durante sua fala para os servidores presentes na Funasa. Ele ressaltou que o sindicato está colaborando com o abaixo assinado que pretende levar ao Congresso Nacional, dia 8 de novembro, um milhão e 300 mil assinaturas, visando um projeto de lei de iniciativa popular para revogação da Reforma Trabalhista, que passa a vigorar dia 11 do próximo mês.
“Essa reforma mexeu em mais de 112 artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), trazendo prejuízos incalculáveis a toda a classe trabalhadora”, enfatizou Matos, pedindo aos que ainda não tinham assinado que dessem a sua colaboração.
Ele ressaltou, entre outras formas de ataques do governo aos servidores, o Programa de Demissão Voluntária (PDV), a tentativa de aumento da contribuição dos servidores de 11% para 14%, a demissão de concursados, a PEC 95 – que congela por 20 anos os investimentos no serviço público -, a extinção de 60 mil vagas para concursos e a suspensão do acordo de 10% que beneficiaria mais de 23 categorias.
“A situação é realmente muito crítica, quase um retorno ao que se viveu após à Revolução Industrial. Então, nossa única perspectiva é a derrota desse governo. Um governo que não teve votos, mas que é mantido no poder pelo capital financeiro, e que, claro, está à serviço dos empresários”. A secretária jurídica do Sindsep-AM, Geralda Oliveira, endossou a fala de Matos, ressaltando que o que o atual governo faz com os trabalhadores é um retrocesso sem precedentes.
“Estão tirando todos os benefícios que conseguimos à custa de muitas greves e lutas históricas. São danos irreparáveis”. Um dos servidores da Funasa presentes ao café, Rafael Guimarães, destacou sua especial decepção com as perdas que poderá vir a ter com a reforma da Previdência. “Estamos ganhando abaixo da nossa linha de capacitação e o governo nos quer tirar ainda mais. Tenho 22 anos de serviço público e não sei mais quando nem como vou me aposentar. É algo que realmente nos deixa desmotivados e desgostosos”.
No Ministério da Agricultura, o diretor adjunto do Sindsep-AM, Renato Carvalho, também criticou as reformas que retiram direitos dos trabalhadores e lamentou a falta de mobilização das lideranças nacionais, que acabaram se atropelando em meio a todo esse processo. Ele lembrou ainda que o sucateamento no serviço público começou na década de 90, com a abertura de mercado promovida pelo então presidente Fernando Collor de Melo e que, de lá para cá, houve um completo desalinhamento da categoria em termos de ganhos. “Não precisamos apenas de uma data base e sim de um realinhamento salarial”.
Já no Inpa, o diretor Aprígio Rodrigues, além de enfatizar o desmonte do serviço público de modo geral, fez questão de destacar o corte de 44% nos investimentos do setor de ciência e tecnologia, o que representa um grande prejuízo. “Estamos enfrentando um colapso geral causado por esses cortes e contingenciamentos, e o Inpa, especificamente, vive uma de suas piores crises, sem recursos para as atividades mais básicas do seu dia a dia”, comentou, lembrando que, na década de 90, o órgão passou por algo semelhante.
Entre os presentes ao café do Incra, o servidor David Benedito, corroborando o que os demais colegas já haviam comentado, lembrou que não é possível continuar aceitando que os direitos dos servidores e trabalhadores em geral continuem sendo tolhidos. “Temos de agregar forças e lutar contra os desmandos que nos prejudicam e desmantelam o serviço público”.