Em mais um movimento da agenda ultraliberal, o governo federal pretende privatizar os Correios, uma das principais empresas estatais da União. Segundo Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, a proposta deve ser votada a partir da segunda quinzena de julho. Neste cenário, o Sindsep-AM lamenta o desmonte da instituição e os danos sociais que podem ser causados com a venda da empresa brasileira.
“É essencial destacar o papel dos Correios para os brasileiros. A meu ver, é a melhor empresa do país, porque, além de não ser cara, tem um alcance social imenso”, afirma Walter Matos, secretário-geral da entidade.
Desde a criação, em 1969, os Correios foram se expandindo pelo Brasil através dos mais variados serviços de logística. Entrega de correspondências, saque e depósito de montantes e até entrega de vacinas.
“Nesses interiores do Amazonas, o que mais se vê é a atuação dos Correios. Até mesmo em comunidades ribeirinhas distantes, a empresa está presente”, comenta Matos.
Desmonte
A narrativa que pede a privatização dos Correios aponta que os serviços da empresa são demorados ou de pouca eficiência. Há ainda comparação com outras companhias do seguimento que já atuam no Brasil. No entanto, quem faz essas críticas ‘esquece’ de mencionar que os Correios estão sob ataque há anos.
“O serviço dos Correios é muito utilizado, principalmente durante essa pandemia. Mesmo assim, a estatal não tem um grande concurso público desde 2011. Logo, essa falha de logística tem a ver com a estrutura. Uma empresa desse porte precisa de novos servidores, até para se ter uma renovação”, explica o representante sindical.
Falsa alegação
Outro motivo apontado por favoráveis à privatização é que os Correios seriam uma empresa que só gera prejuízos. No entanto, essa alegação é mentirosa, ao se considerar que a empresa teve R$ 1,53 bilhão de lucro líquido só em 2020. Essa quantia é a maior dos últimos dez anos.
No entanto, o interesse de empresas de comunicação e entregas é que os Correios seja privatizado para haver a chamada abertura de mercado. Isso porque a estatal brasileira detém o monopólio das entregas de correspondência. Na prática, empresários querem tirar os Correios do mercado, porque o veem como um forte concorrente.
“Privatizar os Correios e colocar todos esses serviços na mão da iniciativa privada é um equívoco muito grande. Há muito envolvido, em especial a segurança jurídica desses processos de logística, como entrega de encomendas, mas também por toda a história e nome dessa grande empresa brasileira”, defende o secretário-geral do Sindsep-AM.