O Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (Sindsep-AM) irá acionar a Central Única de Trabalhadores (CUT) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) em defesa de Lucas Ferrante, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Por causa de seus estudos sobre a Covid-19 e o desmatamento na região, o pesquisador tem sofrido diversas ameaças, até mesmo de morte, com um caso recente de agressão física.
Para Walter Matos, secretário-geral do sindicato, a repercussão é importante para dar visibilidade à situação e trazer mais proteção a Lucas Ferrante.
“Precisamos formar barreiras de proteção ao redor do pesquisador, que vem sendo atacado desde 2019. Levaremos esse debate para a CUT e a Condsef e pediremos que denunciem a situação aos órgãos de Justiça nacionais e internacionais. Além disso, nós do sindicato iremos apresentar denúncia junto à bancada amazonense no Congresso Nacional”, afirma Walter.
O secretário lembra que o pesquisador do Inpa é atacado há pelo menos dois anos, quando ganhou visibilidade na atuação em defesa da Amazônia com publicação de estudos internacionais e denúncias contrárias à agenda e o pensamento do governo federal.
O primeiro deles é ligado à expansão da plantação de cana-de-açúcar na Amazônia e Pantanal, concedida por Bolsonaro em novembro de 2019. Por este motivo, Ferrante denunciou o presidente por crime de ‘lesa-pátria’ ao Ministério Público Federal.
“As pessoas não podem ser atacadas por defender a ciência. Um pesquisador não pode ser perseguido porque fala em defesa da região amazônica e seus povos. Lucas não pode ser ameaçado de morte por mostrar os danos do desmatamento ou plantio da cana-de-açúcar. Não só o sindicato, mas todos que defendem a democracia deveriam defender o pesquisador”, comenta Walter Matos.
Casos de ameaça e agressão
Em vídeo publicado no canal do The Intercept Brasil, no Youtube, nesta terça-feira (16), Lucas Ferrante contou sobre as ameaças de morte e agressões físicas que vem sofrendo desde que passou a publicar estudos sobre temas como desmatamento, BR-319 e coronavírus.
“Foram pelo menos três ameaças feitas no meu celular pessoal, de números que não se identificaram, dizendo que eu deveria parar de falar o que eu estava falando, que eu iria pagar por isso, e que eu estava interferindo em assuntos de segurança nacional, dos quais o próprio governo tinha interesse”, afirmou Lucas, no vídeo.
Em outro trecho, o pesquisador relatou ter pedido uma corrida por aplicativo, e, ao entrar no carro, percebeu que o veículo não era o solicitado. Após desviar da rota, o motorista disse não ser Uber, mas que tampouco iria assalta-lo. Em seguida, o homem agrediu Lucas com um objeto pontiagudo. Assista o depoimento completo: