“Não podemos aceitar que o governo nos eleja como inimigos, nos imponha ataques de toda natureza, incluindo assédio moral e perseguição a servidores, sem reagir”. O secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, resume assim a convocação dos servidores para atos em defesa dos serviços públicos agendados para as próximas semanas. No dia 23, quarta-feira da semana que vem, a entidade participa no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deptuados do relançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Serviços Públicos que existe desde 2007.
A entidade acompanha também as atividades da Frente Parlamentar que lançou essa semana um estudo importante que rebate argumentos usados pelo Planalto, que culpam servidores pela crise financeira do Brasil. “É um desserviço que prestam aqueles que alimentam a ideia da figura do servidor privilegiado. Essa não é a realidade da maioria dos servidores e a sociedade precisa estar atenta a isso”, alerta Sérgio. A Confederação questiona muito também a solução que o ministro Paulo Guedes tem alerdeado em suas declarações que é o “privatizar tudo”. Um movimento de reestatização está ocorrendo no mundo todo, incluindo países capitalistas e no topo da cadeia desenvolvimentista. “Deveriam prestar atenção nesses movimentos que certamente querem dizer alguma coisa”, comenta.
O secretário-geral também menciona uma reportagem veiculada no Jornal Nacional da semana passada que gerou indignação na categoria. A matéria trazia dado do Banco Mundial dizendo que o Brasil gasta 10% de seu PIB com salário de servidores. A matéria ainda destacava que 44% dos servidores ganhariam mais que R$10 mil. “Essa certamente não é a realidade do Executivo Federal onde cerca de 60% dos servidores, entre ativos e aposentados, não ganham mais de R$9 mil”, afirma Sérgio. Os dados podem ser comprovados no Portal da Transparência e também nos registros e dados oficiais do próprio governo.
Outro fator que tem provocando grande insatisfação na categoria está no clima de perseguição, ataques aos servidores e serviços públicos. Somado a isso estão os próprios efeitos da política de austeridade. Servidores do Executivo estão há mais de dois anos sem qualquer reposição salarial, sequer no auxílio alimentação. E além da reforma da Previdência o governo já está anunciando a Administrativa, querendo promover extinção de orgãos sem que o Congresso aprecie, ou seja, apenas por meio de Decreto, na canetada, tem ainda a reforma Tributária que aparentemente, mais uma vez, não será benéfica para a maioria, uma PEC, a 171/19, vai tramitar na Câmara para uma reforma Sindical. “Esse é um cenário que exige não só dos servidores, mas da classe trabalhadora como um todo uma reação a altura”, comentou Sérgio Ronaldo.
Reação
Para isso, a Condsef/Fenadsef está unida à Central Única dos Trabalhadores (CUT) em ato convocado para o próximo dia 30, em frente ao Ministério da Economia a partir das 10 horas. “Vamos nos organizar e reforçar a mobilização e garantir a unidade que um momento como esse historicamente nos exige”, aponta o secretário-geral. Em seus quase 30 anos, a Condsef/Fenadsef sempre trabalhou e seguirá na linha de frente na luta e defesa da valorização do papel do servidor público junto a sociedade e para desmistificar o caráter de inimigos que querem imputar.
Junto a tudo está a latente insatisfação a esse cenário econômico que agrava desigualdade social, que segundo a FGV atingiu maior patamar da história do País. Para a Condsef/Fenadsef isso é muito grave. A ausência de serviços públicos vai impactar de modo negativo ainda mais nesse cenário de desigualdade, já que aqueles que buscam por serviços públicos poderão estar desamparados pela ausência do Estado, muito em breve. É essa possibilidade de caos social o que a entidade vem alertando e denunciando há tempos.
Condsef/Fenadsef