Servidores públicos federais de diversos órgãos realizaram na manhã desta sexta-feira (10), em Manaus, atos públicos contra a Reforma Trabalhista, que passa a vigorar neste sábado (11), e a Reforma da Previdência, ainda em tramitação. As manifestações, setorizadas, serviram como chamamento para a grande manifestação que pretendem realizar, a partir das 16h, no centro da cidade, junto com outras classes trabalhadoras.
“As reformas em curso não afetam apenas os servidores públicos, mas a todos os trabalhadores e suas famílias, então é preciso que a sociedade acorde e se junte a nós nessa luta, pois os prejuízos desse ataque brutal serão para todos”, comentou o secretário geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas (Sindsep-AM), Walter Matos.
Ele e outros diretores do Sindsep-AM estiveram logo cedo no protesto ocorrido na sede do Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que também contou com o apoio de diversas entidades ligadas à produção rural, cujos trabalhadores sentem-se ameaçados pelas mudanças que estão sendo implementadas.
“Viemos apoiar os servidores do Incra porque tudo que afeta o trabalho deles afeta também a nós que estamos na base. Hoje, eles não têm papal para bater xérox e nós não temos acesso para escoar nossa produção; nossas crianças não têm escolas para estudar”, comentou José Rodrigues, presidente da Associação de Agricultores do Projeto de Assentamento Uberê Água Branca, localizado na rodovia AM-10.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores de Manaus, Raimundo Castilho Dias enfatizou problemas como a falta de assistência técnica para o homem do campo, falta de regularização fundiária e de crédito para os agricultores familiares. “Se o trabalhador rural não era respeitado antes, imagina agora com todas essas concessões que a Reforma Trabalhista fez à classe patronal”.
No Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o pesquisador Márcio Luiz de Oliveira destacou que o órgão vive um quadro de desolação total, sem recursos ou financiamento de projetos. “Algumas vezes falta até coisas básicas, como papel higiênico e sabão nos banheiros e laboratórios. Em 15 anos de Inpa, e nove em que trabalhei em uma universidade, nunca vi crise tão grande quanto essa. E o mais triste é saber que a causa de tudo é a corrupção nos vários níveis de governo, o que nos deixa ainda mais constrangidos e aborrecidos”.
Também servidor de carreira do Inpa, Jorge Lobato, diretor do Sindsep-AM, destacou que os servidores precisam sair de sua zona de conforto e se conscientizar de que a crise se instalou no órgão, não só em relação às finanças, mas sobretudo a sua identidade. “O Inpa está perdendo seus valores enquanto instituição que sempre foi protagonista no campo da pesquisa e hoje está em inércia, com um contingenciamento de 40% e mais 25% para 2018”. Suframa
Os servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) também realizaram protesto na frente da autarquia. Liderados pelo presidente do sindicato da categoria, Gilvânio Pereira, eles denunciaram as dificuldades enfrentadas pelo órgão. “Não sei nem qualificar o que se tornou a Suframa, cujos dirigentes não conseguem sequer nomear um servidor para assumir uma FG (função gratificada), não conseguem comprar um pacote de copos descartáveis, com um contingenciamento de 60% que nos deixa em estado de penúria. Isso é vergonhoso”.
Ele ainda ressaltou que a crise que se abateu sobre o Brasil foi forjada pelo setor financeiro para criar uma onda de exploração dos trabalhadores. “O sinal mais claro disso é essa Reforma Trabalhista, que tira direitos e precariza salários”, falou questionando como um governo que tem 97% de rejeição consegue se manter no poder. “Por que a sociedade está calada? Onde estão esses 97% de insatisfeitos? Cadê os batedores de panela que não fazem nenhum barulho contra todos esses desmandos do governo Temer?”, e conclamou a todos a estarem presente no protesto de logo mais às 16h na Praça da Polícia.