Marcando o encerramento das atividades programadas para as 48 horas de paralisação dos servidores do Iphan em Manaus, colegas servidores do Ibama se juntaram a eles em um ato simbólico por valorização profissional. O encontro ocorreu no fim da tarde desta quinta-feira (11), no largo de São Sebastião, em meio a diversos ícones do patrimônio histórico nacional, como o Monumento de Abertura dos Portos às Nações Amigas e o Teatro Amazonas.
A ação também contou com o apoio do Sindsep-AM, que representa os servidores públicos federais na luta por direitos e melhorias salariais. Munidos com caixa de som, faixas e boletins, eles deram seu recado ao governo, mostrando que embora poucos, estão unidos pelo propósito de ver uma negociação justa e democrática acontecer.
“Somos apenas 10 servidores no Amazonas, com a responsabilidade de cuidar de um enorme patrimônio histórico e cultural. Um trabalho que, infelizmente, não é reconhecido e nem valorizado como deveria, visto que nosso vencimento básico não chega a R$ 3 mil”, disse o arqueólogo Marco Túlio Alves, aprovado no último concurso do Iphan.
Conforme ele, mesmo estando há apenas 8 meses no órgão, a motivação para lutar é grande, pois estar no Iphan é uma realização pessoal, após 15 anos trabalhando na iniciativa privada. “Eu batalhei para chegar aqui, por isso eu quero e preciso ver o meu esforço valorizado. Outros colegas talvez tenham perdido a motivação por não verem as coisas acontecerem, já que desde 2005 existe um acordo de gratificação por qualificação que nunca se concretizou, mas eu vou continuar lutando, especialmente pela criação de uma carreira para a cultura, que ainda não existe de fato”.
Quem também demonstrou entusiasmo pelo movimento foi a recém-aprovada técnica ambiental do Ibama Mídia Naiana Seixas, que tem apenas seis meses de casa. Segundo ela, mesmo em pouco tempo de atuação, já foi possível perceber a visível necessidade de uma reestruturação no órgão, o que vai impactar diretamente na sua atuação profissional e em sua qualidade de vida. “Hoje, o Ibama só conta com 69 servidores, e a gente percebe que a falta de valorização profissional é o que mais pesa para que os profissionais deixem o órgão, que está cada dia mais se esvaziando”, ponderou a jovem servidora.
O ato desta quinta faz parte de uma vasta programação dos servidores do Iphan em âmbito nacional, que este mês ainda contará com uma nova paralisação, sendo desta vez de 72 horas, abrangendo os dias 24, 25 e 26. Já os servidores do Ibama estão em greve nacional de ocupação, tendo em vista decisão da Justiça brasileira pela manutenção de 100% das atividades essenciais.
“Mesmo com todas as dificuldades, é importante ver essas categorias unidas pelo mesmo propósito de valorização dos servidores, reestruturação dos órgãos e melhores condições de trabalho”, comentou o secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos.
Reivindicações
Os servidores do setor cultural demandam uma recomposição salarial que corrija as perdas inflacionárias desde 2010, em torno de 53,05%, e a revogação de medidas provisórias, portarias e decretos considerados prejudiciais ao setor. Além disso, pedem equiparação de benefícios entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como a criação de mesas setoriais para discutir a reestruturação das carreiras.
A categoria também reclama da falta de apoio e ações efetivas por parte do presidente nacional do Iphan e da ausência da ministra da cultura nas negociações salariais iniciadas no ano passado. A desvalorização do trabalho é apontada como um dos principais fatores para a falta de interesse dos aprovados no concurso de 2018 em tomar posse.
Já os servidores do meio ambiente (Ibama e ICMBio) pedem a permanência das gratificações de Desempenho de Atividade de Especialista em Meio Ambiente (GDAEM), de Qualificação (GQ) e de Risco. Eles também requerem o mínimo de 70% de remuneração do Nível Intermediário (NI) em comparação ao Nível Superior (NS). Além disso, solicitam a parametrização com a tabela salarial da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que também integra a estrutura do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA). Atualmente, o salário de fim de carreira de um analista ambiental é de R$ 15 mil, enquanto o cargo final da ANA, especialista em regulação, é de R$ 22,9 mil.
Veja mais fotos AQUI
Ascom/Sindsep-AM