Um alerta não foi suficiente. Três anos depois do rompimento da barragem de Fundão que atingiu a região onde fica a cidade de Mariana, outra barragem, do Feijão, também ligada a mineradora Vale, se rompeu nessa sexta-feira, 25, em Brumadinho. Ainda não se sabe o número de vítimas. O impacto é devastador e atinge o rio Paraopeba devendo alcançar ainda hoje o rio São Franscisco. Em dezembro do ano passado, a Ascema Nacional divulgou uma carta onde servidores da Area Ambiental conclamam a sociedade a falar sobre meio ambiente.
Mais uma vez esse alerta se faz urgente. No texto, os servidores lembram que a area ambiental vem ocupando cada vez mais destaque nos espaços de mídia. O motivo são ataques a servidores do setor e sua atuação, até mesmo declarações polêmcias do então candidato, hoje presidente, Jair Bolsonaro, dizendo que a indústrias de multa do Ibama deveria acabar, ataques a entidades ambientalistas, aos índios e suas terras e até mesmo a organismos internacionais e governos de países parceiros da pauta ambiental. Essa semana, em Davos, Bolsonaro destacou em seu discurso que o Brasil estaria entre os países que mais preserva o meio ambiente. Dado equivocado já que segundo Índice de Desempenho Ambiental (Environmental Performance Index – EPI), ranking bienal feito pelas Universidades de Columbia e Yale, que conta com apoio do próprio Fórum Econômico Mundial, entre 180 países, o Brasil ocupa apenas a 69ª posição.
Para quem é da area, as intenções que o governo tem demonstrado até agora para o meio ambiente preocupam. Além de ter cogitado o fim do ministério propondo que fosse fundido com o da Agricultura, foi retirada da Funai atribuições de demarcação de terras indígenas. A controversa indicação de Ricardo Salles, um ministro apoiado por ruralistas e alvo de ação contra crime ambiental colocam ainda mais dúvidas no futuro da preservação ambiental brasileira.
“Toda nossa solidariedade nesse momento às vítimas dessa catástrofe. Crimes ambientais como o de Mariana que também não tiveram a devida punição dos responsáveis diretos contribuem para que novas atrocidades aconteçam, como hoje assistimos aterrorizados outro crime grave em Brumadinho”, declara Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef/Fenadsef. “Esperamos que a Area Ambiental receba a atenção necessária do governo. É responsabilidade do Estado brasileiro prezar pela preservação de nossos bens ambientais”, acrescenta. Para a Condsef/Fenadsef a vida das vítimas desses desastres e de cada brasileiro é afetada. “Todos nós dependemos desse mundo para viver. Se não cuidarmos do que temos estaremos fadados a um futuro sombrio. Precisamos todos falar sobre meio ambiente”, defende.
Diálogo
A Condsef/Fenadsef espera que um canal de diálogo seja aberto para que preocupações dos servidores da Area Ambiental e também Funai possam ser ouvidas. A entidade solicitou audiência com os novos integrantes responsáveis pela interlocução do governo com os servidores. A solicitação envolve apresentar e debater as demandas de todos os setores da base da entidade que representa cerca de 80% do total de servidores do Executivo.