O silêncio que existe sobre os cortes que o Governo Federal tem aplicado para conter a pandemia do novo coronavírus reside sobre a manutenção do pagamento da dívida pública, que anualmente consome R$ 1,6 trilhão dos cofres públicos, conforme comprovado pela Auditoria Cidadã da Dívida. Reside também sobre a ausência de taxações especiais de grandes fortunas, que incluem os empregadores que hoje se recusam a manter contratos de trabalho apesar da capacidade bilionária de suas contas. Enquanto a crise econômica avança sobre a população, a lista de bilionários da revista Forbes cresce.
A Condsef/Fenadsef lamenta a publicação de ontem, 13, do diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo, Leandro Colon, em que afirma que servidores públicos precisam pagar a conta da pandemia, tendo-se em vista que os trabalhadores da iniciativa privada agonizam sem perspectivas. No texto, Colon dá exemplo de servidores que ganham altas remunerações, acima de R$ 20 mil, mas não informa que estes casos não representam a maioria dos contracheques do serviço público federal. 51% dos servidores federais ganham até R$ 6,5 mil e são estes que estão virando noites, arriscando suas vidas para atuar na linha de frente do combate à Covid-19. Cortar salários desses trabalhadores é precarizar os atendimentos públicos que precisam de ampliação de investimentos para alcançar a qualidade esperada.
A conta da pandemia já está sendo paga pelos servidores públicos: são esses que arcam com as maiores contribuições à Previdência Social, não têm direito ao FGTS e mesmo aposentados pagam taxas ao INSS. A conta da pandemia também é paga pelos servidores públicos que diariamente estão nos hospitais, nos postos de saúde, nos serviços essenciais que envolvem abastecimento, no combate à mineração ilegal que contamina os povos indígenas com o vírus potente, na fiscalização das ações do governo e na informação ao povo do que é direito e do que é dever dos cidadãos e do Estado. Vários servidores já morreram vítimas do novo coronavírus. São eles os grandes heróis neste combate.
Colocar trabalhadores contra si é estratégia barata, enganosa e espantosa, ainda mais em se tratando de um jornalista que deveria zelar pela veracidade dos fatos. Oferecer informação equivocada é desserviço à população, como Colon bem sabe. A Condsef/Fenadsef reconhece o valor do jornal Folha de S. Paulo e está ao lado do veículo na luta contra a censura e em defesa da liberdade de expressão. O direito à informação é constitucional e vem com grande responsabilidade. O texto de Leandro Colon é desrespeito à empresa em que trabalha, aos servidores e aos cidadãos brasileiros.
Condsef/Fenadsef