Os servidores da carreira de finanças e controle, lotados na Controladoria-Geral da União (CGU) e no Tesouro Nacional, não assinaram acordo com o governo federal antes do envio da peça orçamentária de 2025 — trata-se da única categoria que não chegou a um consenso. Dessa forma, o reajuste salarial desses servidores não estará presente no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2025.
Segundo apurado pelo Metrópoles, os reajustes salariais terão impacto de R$ 16 bilhões no Orçamento de 2025. O texto reunirá informações sobre os 45 acordos firmados com a União desde o ano passado (previstos para 2024, 2025 e 2026) e a correção dos benefícios do auxílio-alimentação, auxílio-saúde e auxílio-creche, que foi realizada em maio deste ano.
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Desde o início das tratativas com o governo federal, os servidores rejeitaram duas vezes consecutivas a proposta de reajuste salarial apresentada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), responsável pelas negociações com os servidores do Executivo.
“Do ponto de vista das negociações, o prazo que nós havíamos dado se esgotou. Então, o risco que a categoria corre é de ficar sem reajuste, o que eu acho uma pena, porque é um bom reajuste”, disse em entrevista ao Metrópoles o secretário de Relações de Trabalho do MGI, José Lopez Feijóo.
Caso ambas as partes cheguem a um consenso sobre o incremento no salário da carreira, a proposta final poderá ser incorporada ao Ploa de 2025 por meio de emenda. Assim, o impacto da folha de pagamentos do efetivo federal poderá ser corrigida antes de a peça ser votada no Congresso.
Estão no Ploa apenas as carreiras que têm acordo assinado com o governo. No entanto, segundo Feijóo, a possibilidade de apresentação de uma emenda nas próximas semanas ou meses é incerta, porque pode não haver espaço orçamentário para atender a carreira de finanças e controle.
“Assédio institucional e humilhação”, dizem servidores sobre negociações com MGI
Em nota enviada ao Metrópoles, o Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical) afirmou que intensificará o movimento grevista na semana seguinte, com paralisação de 24 horas convocada para a próxima terça-feira (3/9).
A última greve do efetivo federal atrasou a entrega de relatórios sobre dados econômicos do país, além de impactar o prazo para realizar as alterações solicitadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a transparência das chamadas “emendas Pix”.
Para o presidente do Unacon Sindical, Rudinei Marques, a negociação com a carreira “beirou o assédio institucional e a humilhação”, reforçando que “o MGI errou gravemente na condução das negociações” com a carreira de finanças e controle.
Marques alega que a “cada tentativa de conciliação, eles agravavam ainda mais a situação”.
“Levaram seis meses para nos apresentar uma proposta, que foi imposta como definitiva. Não cederam nem em pautas não remuneratórias”, disse. “A carreira não aceitou essa imposição, embora todos estejam necessitados de uma recomposição salarial”, finalizou.
Metrópoles