Em dia histórico na Câmara dos Deputados, dezenas de centrais sindicais, entidades nacionais, trabalhadores e parlamentares bradaram que o parasita é o ministro Paulo Guedes. Deputado federal afirmou que recorrerá ao STF pela retirada do ministro
O principal ato de preparação para a Greve Geral de 18 de março, em defesa dos serviços públicos e contra as privatizações, lotou o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 12. Parlamentares e representantes de centrais sindicais fizeram falas contra a política de desmonte do ministro Paulo Guedes e em solidariedade à greve dos petroleiros. As mobilizações dos trabalhadores da Casa da Moeda, Dataprev, Correios e Serpro, empresas públicas também ameaçadas, foram aplaudidas pelos presentes. A programação do ato político continua à tarde com seminários sobre funcionalismo público.
“Estamos aqui em um dia histórico de unidade da classe trabalhadora, de todas as centrais, do movimento sindical, do movimento social, de parlamentares comprometidos com os servidores do serviço público, nessa iniciativa em defesa dos serviços públicos”, disse o Secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva. Para o dirigente, hoje é um dia histórico, em que trabalhadores lotaram o maior auditório do Congresso Nacional. “Essa é a preparação para a Greve Geral em defesa dos serviços públicos. Esse ministro atrevido quer atribuir aos servidores o que ele é, um parasita. Nós vamos responder a ele [Paulo Guedes] nas ruas, na greve, na mobilização. Nos aguarde!”, bradou Silva.
Unidade
Coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) abriu os trabalhos na manhã desta quarta-feira de luta. “Nós sabemos a dureza que foi lutar para o reconhecimento de nossos sindicatos, para transformar associações recreativas em sindicatos e estabelecer a representação dos servidores. Nós precisamos ter unidade. Não podemos perder as conquistas, os concursos, os serviços públicos que estão sendo ameaçados”, declarou a parlamentar.
Servidor há 27 anos, o senador Fabiano Contarato (REDE-ES) disse ter orgulho de sua categoria e repudiou a fala do ministro Paulo Guedes. “Foi um ato de violência chamar de parasita aquela auxiliar de enfermagem que cuida dos nossos familiares internados; chama de parasita aquele bombeiro que é um verdadeiro herói; aquele policial, os carteiros. Chama essas pessoas de parasitas e enaltece os banqueiros. Parasitas são os banqueiros e os empresários”, falou Contarato com indignação.
Estratégia para derrubar Paulo Guedes
A mobilização nas ruas e o diálogo amplo com a sociedade foram pontos centrais da fala da Secretária-geral da CUT, Carmem Foro, que reforçou a necessidade de conscientização da população para a importância da manutenção dos serviços públicos de qualidade. “Essa luta não é somente dos servidores públicos. Sou uma trabalhadora do campo e temos que nos envolver nessa batalha, se não acabarão com os serviços públicos que atendem a população em geral”, pronunciou. “Precisamos fazer com que a sociedade entenda que os serviços públicos são muito importantes para a sociedade.”
Para Foro, é fundamental que haja diálogo para construção de uma grande Greve Geral em 18 de março. “Nós vamos derrubar o verdadeiro parasita que é Paulo Guedes. Só na mobilização de rua teremos vitória”. “Tenho certeza que a greve dos petroleiro e dos Correios é um sinal positivo de que teremos um ano de muita luta. Já temos uma agenda vigorosa”, afirmou, referindo-se também à mobilização para o 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Enquanto trabalhadores se empenham nas ruas, parlamentares recorrem a instituições de controle. Investigado pelo Ministério Público Federal, Paulo Guedes é eticamente incompatível com o cargo que ocupa, conforme declarou o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ). “Ele se atreveu a chamar o servidor de parasita, mas é ele o sanguessuga. Ele estruturou uma organização que está desviando os recursos públicos de praticamente todos os fundos de pensão. É uma organização criminosa. Nós sabemos o que ele representa”, declarou o parlamentar. “Já ingressei na Procuradoria da República, no Tribunal de Contas da União e amanhã recorrerei ao Supremo Tribunal Federal. Ele não pode continuar ministro”, declarou.
Condsef/Fenadsef