Os servidores ambientais do Amazonas completaram um mês de greve nesta quinta-feira (8), em um movimento que busca valorização e melhores condições de trabalho. Em um ato simbólico, os trabalhadores do Ibama e ICMBio, caracterizados com narizes de palhaços e rodeados por balões, reafirmaram sua insatisfação com a falta de diálogo do governo em relação às suas reivindicações. O evento contou com a presença do secretário-geral do Sinsedp-AM, Walter Matos, que apoia a categoria desde o início da greve, no começo de julho.
Para marcar o fim do primeiro mês de luta e o início do segundo, os servidores organizaram um tríduo de atividades. Na quarta-feira (7), realizaram ações na praia da Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus, onde distribuíram mudas de árvores à população, simbolizando seu compromisso com a preservação ambiental, mesmo diante das dificuldades enfrentadas. “Estamos lutando para garantir que a gestão ambiental do país não seja comprometida pela falta de investimentos e valorização profissional,” afirmou Walmir Nogueira, representante dos servidores do Ibama.
Na quinta-feira (8), as atividades aconteceram na Superintendência do Ibama e se encerram nesta sexta-feira (9) com uma assembleia para avaliar a contraproposta do governo, também na sede do órgão ambiental.
A greve dos servidores ambientais é parte de uma mobilização nacional que busca reestruturação de carreira e melhores condições de trabalho. Com salários congelados há uma década e enfrentando crescente precarização das condições de trabalho, os servidores exigem melhorias que garantam a eficácia de suas funções e a preservação do meio ambiente.
Entre as principais reivindicações estão:
- Equiparação salarial com a tabela da Agência Nacional de Águas (ANA).
- Redução da disparidade salarial entre técnicos (nível médio) e analistas (nível superior) para uma faixa de 70 a 85% (atualmente é de 43%).
- Valorização e modernização da Carreira de Especialistas em Meio Ambiente.
- Gratificação por atividade de risco, similar às pagas a outras carreiras.
- Inclusão na lei de indenização de fronteira, já paga a outras carreiras.
- Revisão dos adicionais de periculosidade e insalubridade.
- Implementação de uma gratificação de qualificação uniforme para todos os servidores.
- Realização urgente de concurso público para reforço no número de servidores, com distribuição de lotações adequadas.
- Melhorias nas condições de trabalho, incluindo transporte, logística, equipamentos e infraestrutura.
- Equiparação entre a Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Cema) e o Plano Especial de Cargos do MMA e do Ibama (Pecma).
Os servidores do Ibama e ICMBio desempenham um papel crucial na conservação e gestão dos recursos naturais brasileiros. No entanto, enfrentam um cenário de desvalorização e deterioração das condições de trabalho, o que motiva as ações de greve e manifestação em busca de melhorias. As negociações com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) têm avançado pouco desde o ano passado, e as reivindicações dos servidores continuam sendo ignoradas pelo governo.
Assembleia
Em assembleia nesta sexta-feira, servidores do Ibama e ICMBio decidirão sobre a contraproposta de reajuste apresentada pelo governo para as carreiras de meio ambiente, avaliando se a greve será encerrada ou continuará. O encontro acontecerá às 9h30 na sede do Ibama em Manaus. Esta é a quarta vez que o governo apresenta uma proposta para a categoria. As três anteriores foram rejeitadas por não atenderem demandas essenciais dos servidores, como a redução da desigualdade salarial entre os níveis médio e superior.
“Além dos servidores da ativa, também estamos convocando os aposentados e pensionistas do meio ambiente a comparecerem à assembleia. Eles são partes interessadas nesse processo”, ressalta o secretário-geral Walter Matos.