Servidoras e servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) rejeitaram, por unanimidade, a proposta devolutiva do governo federal de conceder reajuste zero em 2024. O Ministério da Gestão e Inovação (MGI) propôs pagar 9% dividido em duas parcelas apenas em 2025 e 2026. A posição dos trabalhadores da superintendência do Amazonas se deu em assembleia realizada pelo Sindsep-AM nesta sexta-feira (9).
A reunião deliberativa aconteceu na sede do órgão em Manaus e contou com a presença de mais de 30 servidores. Pelo Sindsep-AM, estiveram no encontro os diretores Walter Matos (secretário-geral), Margareth Buzaglo (comunicação), Edivaldo Machado (empresas públicas e relações intersindicais) e Gleig Corrêa (formação política e sindical).
“A pauta dos trabalhadores é legítima, importante, e a proposta do governo é inaceitável. Não à toa, os servidores do Ibama rejeitaram por unanimidade. Agora vamos enviar o resultado à Condsef e isso vai ser apresentado no próximo dia 16 de fevereiro para a ministra da Gestão e Inovação, mostrando que a base rejeitou”, afirma o secretário-geral, Walter Matos.
Ainda na reunião, trabalhadores foram apresentados e debateram a contraproposta das entidades sindicais ao MGI para reajuste salarial de servidores do poder Executivo.
Confira o que se requer:
1) Reajuste de 34,32% dividido em três parcelas a serem pagas em 2024, 2025 e 2026, para os servidores federais que em 2015 firmaram acordos por dois anos (2016 e 2017);
2) reajuste de 22,71% dividido em três parcelas a serem pagas em 2024, 2025 e 2026, para os servidores que em 2015 fecharam acordos salariais por quatro anos (2016 a 2019);
*A proposta ratifica ainda o pedido de equiparação de benefícios (alimentação, creche e per capita de saúde) e de maior celeridade às mesas específicas de negociação.
Participação
Durante a assembleia, foi constante a participação de trabalhadoras e trabalhadores do Ibama para ressaltar quais reivindicações da categoria precisam de atenção prioritária e para entender a participação do sindicato em casos de paralisação e greve – duas possibilidades no futuro. O secretário-geral esclareceu esses pontos e ressaltou a importância da mobilização ser encabeçada pelo sindicato.
“Destaco que os servidores estão muito dispostos a se mobilizar. Eles sabem que diária não vai para aposentadoria. Então, nesse momento em que se discute reestruturação de carreira, alinhamento de tabela e carreiras transversais, acho que é fundamental a luta que os companheiros estão fazendo, estão mobilizados e estamos com eles. Se tiver que deflagrar greve, financiar a greve, estaremos aqui”, defendeu Matos.
O secretário-geral ressaltou ainda a importância de servidores do Ibama se filiarem ao sindicato, que é quem tem competência jurídica para liderar um movimento grevista. Nas últimas semanas, trabalhadores haviam feito mobilizações pontuais para reduzir provisoriamente as fiscalizações ambientais. A ação foi chamada pela Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente e PECMA (Ascema).
“É preciso seguir todo o rito de uma greve, quando se propõe uma. Por isso, peço a todas e todos que se filiem ao sindicato, porque é quem pode liderar uma greve. E há vários requisitos. É preciso publicar edital na imprensa, avisar com 72h, tudo o que o sindicato faz”, ressaltou Walter.
Avaliação
Técnico administrativo do Ibama, Erlan Gomes avaliou a assembleia promovida pelo sindicato como “extremamente positiva”. Segundo ele, é essencial que todo direcionamento para as pautas da categoria parta de decisões da base de servidores.
“Nós fomos contrários a essa proposta que o governo está apresentando. Não é só pelo reajuste zero, mas de forma nenhuma devemos excluir os aposentados. Hoje, estamos na ativa, mas amanhã estaremos no lugar deles. Essa proposta é imoral e precisa ser revista”, pontua.
Para ele, o governo federal precisa valorizar o trabalho de servidores que têm se esforçado para ampliar a fiscalização ambiental e alcançar importantes conquistas, por exemplo, do desmatamento na Amazônia.
“O governo exalta os dados do Ibama, mas não leva em consideração a questão salarial dos servidores. Foram fechadas mais de 80 unidades em nível nacional. No Amazonas, só temos a sede em Manaus, que está com instalações precárias. É essa a situação”, comenta ele.
Ascom/Sindsep-AM