Estamos comemorando hoje, em todo o Brasil, o Dia Nacional da Consciência Negra. A data marca a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do maior quilombo do período colonial brasileiro. Comemorado há mais de 30 anos e oficializado apenas em 2011, no governo de Dilma Rousseff, o Dia da Consciência Negra é uma vitória significativa para o povo negro. Ele serve como momento de reflexão sobre a importância da etnia na constituição da sociedade e da democracia brasileira e como mais um meio de luta contra o racismo.
Hoje, segundo os dados mais recentes do IBGE, a população brasileira de negros e pardos soma 114,8 milhões de pessoas. Mais da metade dos 207 milhões de habitantes do país.
Além da contribuição fundamental para a formação da cultura nacional, as lutas de resistência da população negra foram fundamentais para a conquista do Brasil democrático. Resistência que teve início com a formação dos primeiros quilombos, com a luta pela liberdade, pelo fim da escravidão e pelos direitos democráticos. Recusa a submissão que se estende até os dias de hoje por melhores condições de vida e contra o autoritarismo da classe dominante.
Uma luta que se torna ainda mais fundamental no momento atual pelo qual passa o Brasil. Uma vez que no atual cenário nacional de crise política institucional, a população mais pobre e negra será a mais atingida, com a perda de direitos conquistados ao logo da história.
O atual governo golpista brasileiro, formado, majoritariamente por homens brancos e ricos, trabalha para desconstruir as políticas públicas implementadas pelos governos populares e democráticos que o antecedeu e que garantiram avanços importantes para a população negra, e exemplo das cotas, do Prouni, e do Fies. E o próximo governo não será diferente do atual. Isso fica evidente diante das falas preconceituosas do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contra o povo negro.
“Mas um povo que resistiu durante quase 500 anos não vai se deixar abater por um governo que recebeu 57,7 milhões de votos. Ou seja, pouco mais do que a metade da população negra e parda atual. E muitas das pessoas que votaram nele, votaram enganadas e já estão arrependidas, mesmo antes do início do Governo. A luta do povo negro continuará e seremos cada dia mais fortes”, comentou o secretário geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo.
A carga de preconceito de Bolsonaro é a mesma de grande parte da população brasileira, seja da elite, da classe média ou mesmo dos mais pobres que acabam reproduzindo o discurso hegemônico da sociedade. “Ainda falta muito para superarmos a barreira do preconceito contra os descendentes dos escravos no Brasil. Por isso, a importância desse dia. Um dia que tem que ser lembrado para que, em um futuro próximo, a população negra seja respeitada”, concluiu Sérgio Ronaldo.
Em 20.11
Condsef/Fenadsef.