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A queda do teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador, no último dia (05/01), com uma vítima fatal e seis feridos, deixa tristeza e dor em mais um acidente que poderia ser evitado com políticas públicas respeitadas e investimento sólido em área estratégica e cada vez mais defasada de força técnica. Em nota conjunta, servidores da Cultura prestaram solidariedade à família da jovem Giulia Panchoni Righetto, de apenas 26 anos, que faleceu no local.
Representantes do Departamento de Educação e Cultura (DEC) da Condsef/Fenadsef descrevem o medo e a impotência que a grande maioria sente quando não consegue proteger as pessoas e os bens culturais do Brasil.
A Condsef/Fenadsef manifesta apoio aos servidores da Cultura que estão em uma luta de mais de duas décadas em busca da criação de uma carreira que possa reestruturar o órgão promovendo valorização e trazendo investimento ao setor. Para a Confederação, o desmonte e o descaso matam e devem ser interrompidos imediatamente para que outras vidas não sejam colocadas em risco.
Dados dos próprios servidores apontam que, em todo o estado da Bahia, o Iphan conta com menos de 10 servidores com formação em arquitetura e engenharia, responsáveis por vistoriar cerca de 9 mil imóveis, além de outras tantas responsabilidades que seus cargos demandam. O cenário de desmonte não é exclusivo da Bahia e se repete em diversos outros lugares no Brasil.
Os servidores ainda destacam que nesse contexto é injusto imputar responsabilidade a uma categoria que, além de enfrentar o desmonte do setor, tem o papel de recuperar políticas públicas da cultura na reconstrução de valores simbólicos de fortalecimento da democracia e do desenvolvimento nacional.
Evasão e falta de diálogo
Vale destacar ainda que o histórico de desmonte da Cultura tem levado a uma evasão cada vez maior de servidores, o que afeta a categoria que já acumula intensa sobrecarga de trabalho. Tudo isso ainda se alinha ao que a categoria considera um total desrepeito por parte do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
O MGI tem se negado a abrir um diálogo para negociar uma proposta de carreira que já foi entregue à ministra Esther Dweck, em mãos, em agosto do ano passado, pela ministra da Cultura, Margareth Menezes.
O DEC preparou um dossiê com um histórico que incluem termos de acordos assinados anteriormente e ainda não cumpridos, entre outras tantas pendências que fazem com que os servidores da Cultura amarguem esse cenário de desmonte e caos que precisa ser transformado.
Confira aqui a íntegra do dossiê que resume a luta de décadas dos servidores da Cultura
Os servidores ainda lamentaram declarações dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nessa quinta, 6, onde aponta que teria ‘bronca’ de tombamento. Para os servidores, as críticas não trazem solução e ainda alimentam ataques a quem não é responsável pelo cenário de desmonte em que se encontra o setor.
A Condsef/Fenadsef reforça que a desestruturação das políticas públicas e os problemas estruturais na Cultura devem ser enfrentados com negociação entre governo e servidores. A luta por valorização e criação da carreira da Cultura é histórica e continuará sendo encampada e defendida pela Confederação e todas as suas entidades filiadas.
Condsef/Fenadsef