A Condsef/Fenadsef convoca todas as entidades filiadas a realizar atos públicos unificados em todas as cidades possíveis do País, na próxima quarta-feira, 27, Dia Nacional de Lutas, para defender reivindicações dos trabalhadores, expansão dos serviços públicos e fim do governo Bolsonaro. O distanciamento social de dois metros deve ser respeitado e manifestantes devem comparecer com máscaras e placas com palavras de ordem. As entidades se organizarão para que não haja aglomeração de mais de 50 pessoas nas atividades, que ocorrerão entre 9 e 11 horas. 90% dos sindicatos filiados à Confederação aderiram ao chamado.
Em Brasília, o protesto será realizado junto ao Sindsep-DF, em frente à sede da Ebserh, empresa pública que gerencia os hospitais universitários, cujos trabalhadores estão na linha de frente do combate à pandemia de covid-19. Na ocasião, servidores e empregados públicos entregarão à presidência o abaixo-assinado organizado pelos trabalhadores da empresa, em que exigem respeito, melhores condições de trabalho, segurança no ambiente, fornecimento adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) e outras demandas. O ato está marcado para 10 horas. ‘Exigimos respeito e segurança no trabalho’, diz Sérgio Ronaldo da Silva, Secretário-geral da Condsef/Fenadsef.
Empresa desvaloriza trabalhadores-heróis
Empregado da Ebserh, Paulo Cândido Sousa destaca que o dia será de mobilização, apesar da impossibilidade de realização de protestos grandes. Em todos os hospitais universitários do País, haverá atos por respeito aos trabalhadores que estão na linha de frente do combate à pandemia de covid-19. Sousa comenta que, neste momento em que a empresa mais precisa de seus colaboradores, a Ebserh se esforça para retirar direitos da categoria. O abaixo-assinado que será entregue na quarta-feira conta com mais de 8 mil assinaturas.
“A intenção da empresa é retirar direitos. Querem tirar os abonos, diminuir o adicional de insalubridade, interferir na bonificação de trabalho em dias de feriado, alterar a licença médica para acompanhamento familiar e outras coisas”, criticou Sousa, lebrando os números alarmantes do Brasil. De acordo com divulgação da Internacional dos Serviços Públicos (ISP), o país e o segundo em maior quantidade de trabalhadores da Saúde mortos e contaminados. Para Sousa, isso é resultado da falta de EPI e de condições adequadas de trabalho.
Também integrante da Comissão de Negociação do ACT 2020/2021, Paulo Sousa relata dificuldade de diálogo com a Ebserh. No ano passado, a empresa protagonizou uma árdua batalha contra seus empregados, que culminou em dissídio coletivo homologado apenas em abril de 2020. Apesar da vontade de consolidar o novo ACT o mais rapidamente possível, a Comissão de Negociação solicitou suspensão das tratativas até o fim do pico da pandemia, em respeito aos trabalhadores adoecidos e contaminados. “Não há clima para negociação. Já perdemos colegas de trabalho e estamos concentrados na luta contra o coronavírus, mas a empresa deu uma resposta indecente ao pedido”, detalhou Sousa.
A empresa condicionou a aceitação da proposta à concordância dos trabalhadores em não realizarem greves, além de abrirem mão das cláusulas sociais que garantem os direitos que a Ebserh deseja alterar. O prazo de suspensão também seria limitado até o fim deste ano, o que pode não ser suficiente para controle do pico da pandemia. “A empresa concordou em suspender, mas retirando direitos. Então não concordou”, explica Sousa. Esta é a indignação que deve palco para os atos desta quarta-feira em todo o País.
Indignação ampla
A pandemia do novo coronavírus escancara a importância dos serviços públicos, que precisam ser expandidos. A defesa da vida exige pesados investimentos na Saúde, mas não só. Também é necessária ampliação dos recursos destinados à Educação, aos Transportes, à Moradia e, em especial, aos servidores das três esferas (municipal, estadual e federal). Para a Condsef/Fenadsef, Bolsonaro se aproveita da pandemia para avançar na retirada de direitos e para agir em benefício próprio, como ficou explícito no vídeo da reunião ministerial divulgado pelo ministro do STF Celso de Mello.
Diante da insegurança nos locais de trabalho, das decisões que proíbem reajustes salariais dos servidores públicos apesar da categoria estar há mais de três anos com salários congelados, e diante da pressão para retorno ao trabalho presencial que, em meio à pandemia, significa enviar os servidores para a morte, os trabalhadores da administração pública chamam a atenção da sociedade para a importância da valorização dos serviços públicos, que é o que está segurando as pontas não apenas da crise sanitária, mas também da crise econômica. “A vida acima do lucro” é a bandeira necessária da vez.
Condsef/Fenadsef