Na manhã desta quinta-feira (23), os servidores da Funai em Manaus iniciaram uma paralisação de 24 horas. O protesto pede justiça pelos assassinatos do servidor licenciado e indigenista Bruno Pereira, e do jornalista britânico Dom Phillips; além da demissão do presidente do órgão, Marcelo Xavier, e a garantia de segurança para indígenas, indigenistas e servidores da Funai.
A ação no Amazonas foi promovida pelo Sindsep-AM, em referendo à decisão das entidades nacionais, como a Condsef, a Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef) e Indigenistas Associados (INA). No início da paralisação, o sindicato ofereceu um café da manhã para as servidoras e servidores e promoveu uma discussão sobre a importância da mobilização como uma ferramenta para a garantia de direitos nesse momento de ataque à Funai e aos órgãos públicos. Estiveram presentes os secretários Jorge Lobado, Geralda Oliveira, Menandro Sodré e Adminildo Lima dos Santos.
“Hoje, esse ato de paralisação que ocorre não só em Manaus, mas em todo o país. Precisamos estar todos unidos como servidores, inclusive de outros órgãos, para exigir que as nossas pautas sejam atendidas”, disse o secretário de Administração do Sindsep-AM, Jorge Lobato.
Após esse momento, os servidores se uniram em frente à sede da Funai e estenderam uma faixa de cerca de dois metros com as bandeiras de luta da paralisação. No cartaz, havia frases como “Justiça para Bruno e Dom” e “Fora Xavier e sua gestão anti-indígena”.
“Estamos com esses servidores nessa ação direta, mas todo o órgão está parado, hoje. Estamos distribuindo também o manifesto nacional e teremos uma agenda de atividades ao longo do dia, como rodas de conversa sobre direitos indigenistas com professores da Universidade Federal do Amazonas, e da defesa jurídica de servidores com a assessoria do sindicato”, explicou a secretária de Assuntos Jurídicos do sindicato, Geralda de Souza Oliveira.
Além do ato em Manaus, servidores de Tabatinga e de Atalaia do Norte também se manifestaram. A Comissão de Mobilização da greve, formada pelo Sindsep-AM, estava em contato com esses servidores do interior para alinhar as ações durante a paralisação e nos próximos movimentos.
O manifesto nacional enviado a todos os sindicatos de base é claro ao defender a necessidade de proteção dos servidores e dos indigenistas. “Nenhuma gota de sangue a mais” é a exigência do documento, que traz um resumo dos recentes acontecimentos que colocaram a Funai sob o olhar da sociedade em um momento tão trágico.
“Lutamos para que as investigações cheguem até a ampla cadeia de crime organizado instalada no vale do Javari e para que nunca mais tenhamos que passar por situação semelhante, o que requer a imediata proteção dos nossos colegas indigenistas, dos Povos Indígenas e de suas lideranças, organizações e territórios”, diz trecho do manifesto.
Orientação
A assessora jurídica do Sindsep-AM, Auxiliadora Bicharra, também esteve presente no ato. Ela prestou esclarecimentos aos grevistas sobre os desdobramentos de um movimento de paralisação, como descontos no salário e ameaça de processos administrativos. Além disso, falou também sobre as ações que estão correndo atualmente no sindicato.
“Temos ação da contribuição do Plano de Seguro Social sobre 1/3 de férias que nos foi concedida pela Justiça e agora estamos na fase de execução. A ação coletiva visava garantir esse direito, mas agora no momento de recebimento dos valores os servidores precisam procurar a assessoria para entrarmos individualmente”, disse a advogada.
A doutora Auxiliadora também pontuou aos presentes sobre a ação que pede a restituição do imposto de renda sobre o auxílio-creche. “É necessário que mais servidores entrem com a ação para que consigamos avançar com essa pauta. Se a classe ganha, o direito é garantido a todos, mas você não vai deixar o seu colega lutando sozinho, certo?”, pontuou a assessora jurídica.