Duas atividades de mobilização e protesto marcam esta terça-feira, 3, no Congresso Nacional. Pela manhã, entidades sindicais e movimentos sociais se reuniram com deputados federais e senadores que compõem a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social para mais uma vez alertar a população sobre a desnecessidade de uma reforma da Previdência para superação da crise econômica no Brasil. À tarde, a partir das 15 horas no Salão Nobre da Câmara Federal, a Condsef/Fenadsef participa do lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público.
Diretores da Confederação seguem se mobilizando no Congresso e pressionando os senadores. Pela manhã, o Secretário-geral, Sérgio Ronaldo da Siva, convocou os servidores para a resistência. “Nossa intenção agora é atuar diretamente nos senadores. É fácil, são apenas três senadores por Estado, mas precisamos de ações intensas nas bases desses senadores para constrangê-los. É importante a pressão para que a gente possa reverter essa perversidade que é a retirada do direito que os trabalhadores têm de se aposentar”, declarou. (Veja vídeo)
Em defesa da Previdência Social
Durante o primeiro ato do dia, o advogado especialista em Direito Previdenciário e Professor de Direito da Universidade de Brasília (UnB) Diego Cherulli discursou contra a PEC 6/2019 e ressaltou com preocupação a fragilidade jurídica da proposta do relator Tasso Jereissati (PSDB-CE) de realizar em breve mais alterações na Previdência por meio de uma PEC Paralela.
“Se nós, enquanto cidadãos, não confiamos no Estado, e o Estado não confia no cidadão, nossa relação se desestabelece. Com a relação fraca, não há confiança; se não há confiança, o País não cresce. É preciso ter segurança jurídica, é preciso que o brasileiro saiba qual é a regra vigente e saiba que essa regra não vai ser modificada todo dia a bel prazer. Sem confiança, não há projeção de uma melhora econômica e social”, comentou.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, a proposta de reforma da Previdência é uma “estupidez econômica”. “A CUT é contra a reforma pelo fato de que é mentira que o Brasil precise fazer uma reforma nos moldes em que está sendo colocada, para melhorar a economia. É falácia. A economia está paralisada. O Brasil precisa de geração de emprego e renda com carteira assinada, não transformar trabalho em bico, como fizeram. O Brasil precisa de um Estado voltado para o interesse do cidadão, não para meia dúzia de interesses econômicos”, criticou.
Dezenas de organizações e representantes sindicais estiveram presentes no ato, entre eles, Ademar Rodrigues de Souza, diretor do Sindsep-Go (Veja vídeo abaixo), e Elizabeth Uema, Secretária Executiva da Ascema Nacional. Para Uema, servidora aposentada do Ibama, a luta em defesa da Previdência inclui também a proteção do meio ambiente porque representa uma batalha contra o desmonte do Estado brasileiro. (Veja vídeo)
Mais protestos na semana
Amanhã, quarta-feira, 4, a Ascema Nacional realizará ato de lançamento de uma Carta sobre a crise socioambiental atual e tentará entregá-la ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O texto segue assinado por mil servidores do Ibama e do ICMBIO, com propostas que foram aprovadas no lançamento do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia. Também na quarta, no Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, será realizado Ato em Defesa da Soberania Nacional e Popular. No sábado, 7 de setembro, é o momento do tradicional Grito dos Excluídos, em oposição às comemorações oficiais e militares.
Segundo divulgado nesta terça pelo jornal Folha de S. Paulo, apesar do discurso de crise orçamentária, o presidente Jair Bolsonaro aumentou em 15% o orçamento destinado ao desfile da Independência. “Está muito evidente a mentira contida na justificativa dada pelo governo para uma suposta necessidade de realização de reformas tão nefastas para os brasileiros. O povo não é bobo. Os dias de Bolsonaro estão contados. Nossa resistência há de vencer”, enfrenta Sérgio Ronaldo.