Mais de 400 pessoas estiveram presentes, na manhã desta quarta-feira (4), num ato público em defesa do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), na zona centro-sul de Manaus. Entre elas, estudantes e pesquisadores da instituição, servidores públicos, artistas e representantes de entidades ligadas a área de atuação do órgão, como o Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas (Sindsep-AM) e os movimentos ‘Salve o Inpa’ e ‘Inpa pela Democracia’.
Os manifestantes denunciaram a fragmentação e sucateamento da instituição de pesquisa, bem como o descaso do governo federal com a produção da ciência em todo o país, além da falta de políticas socioambientais, especialmente para a Amazônia, onde por falta de novas perspectivas, a cada ano que passa aumenta o desmatamento e a exploração irregular das suas riquezas.
Servidor de carreira do Inpa e secretário de administração do Sindsep-AM, Jorge Lobato informa que a principal pauta tratada durante o ato em defesa do Inpa é sobre a falta de recomposição do quadro de funcionários.
“Hoje, temos cerca de 400 alunos bolsistas e 150 funcionários, sendo que destes últimos, cerca de 100 irão se aposentar e não temos ninguém para recompor essas vagas. Além disso, o contingenciamento de 40% dos recursos federais inviabiliza as bolsas dos estudantes. Ou seja, os recursos humanos no Inpa estão sumindo”, lamentou Lobato, lembrando que o órgão já chegou a ter 1.200 colaboradores em seus quadros.
Além da falta de recurso humanos, outra grande preocupação dos manifestantes são os cortes nas bolsas de pesquisadores Inpa, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“O Inpa, assim como o CNPq, estão vivendo um estrangulamento da ciência com os cortes no orçamento da pesquisa. Isso é um ataque brutal no desenvolvimento do Brasil, porque sabemos que só há avanço no país quando há pesquisa”, ponderou o secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos.
Saúde e tecnologia em risco
Para o pesquisador Lucas Ferrante, que é bolsista doutorando em Ecologia no Inpa, a falta de mão de obra e cortes nos recursos do sistema de pesquisa afeta uma cadeia na economia do país.
“Afetando a produção de pesquisa científica no Brasil, você afeta também desde a área de saúde, com a produção de vacinas, até o setor tecnológico, como o polo petroquímico com as tecnologias que o país desenvolve nesse segmento, entre outras diversas áreas. Então, a gente vê como o Brasil perde capacidade de atuação de mercado por conta da falta de investimento em ciência e tecnologia”, destacou Ferrante, alertando que quem faz hoje a pesquisa no Instituto são os estudantes.
Para a pesquisadora Sônia Alfaia, em função do número de servidores aposentados que saem do Instituto, e sem a reposição de um outro pesquisador no lugar, existe o receio da extinção do Inpa.
“A sensação entre os os pesquisadores e servidores, é que a cada dia que passa, o Inpa está se acabando aos poucos. Porque a gente vê os colegas se aposentando e indo embora, laboratórios se fechando, linhas de pesquisa que estão há anos em estudo sendo fechadas. Então, é muito importante que o pesquisador que vai se aposentar tenha um outro pesquisador contratado para continuar as suas pesquisas. Mesmo porque o Inpa investiu muito para formar laboratórios de excelência. E é muito triste ver o que está acontecendo agora”, pontuou Sônia Alfaia.
Texto e fotos: assessoria de imprensa Sindsep-AM