Representantes de associações, sindicatos e confederações de servidores públicos federais defenderam modificações ou mesmo a revogação de instrução normativa (IN 2/18) do Ministério do Planejamento que estabelece critérios para a jornada de trabalho no Poder Executivo.
Essa norma também define, entre outros pontos, regras sobre acumulação de cargos, instituição de banco de horas e a colocação de servidores em regime de sobreaviso em horários fora do expediente, para o caso de necessidade em serviço.
O assunto foi debatido nesta quarta-feira (14), em audiência pública da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados.
O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, Jordan Alisson Pereira, criticou a falta de diálogo para a edição da norma. Ele afirmou que a instrução normativa dificulta a atividade sindical, pois exige compensação de horas para o integrante de sindicato que se afastar para participar de reunião ou audiência pública, por exemplo. “Isso é atividade de trabalho, é em prol do serviço público”, afirmou.
Ele também criticou as regras da jornada de sobreaviso, pelas quais o servidor precisa ficar à disposição durante o final de semana, mas não é remunerado caso seja chamado a trabalhar. “O servidor tem a sua liberdade tolhida durante o final de semana, tem que ficar à disposição, mas não tem nenhuma compensação por isso”, lamentou.
Outra crítica do sindicato dos funcionários do BC foi sobre a limitação de 44 horas anuais para o servidor realizar acompanhamento médico ou consultas médicas.
Posição do governo
O secretário de Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento, Augusto Akira Chiba, disse que a instrução normativa tem o objetivo de modernizar a gestão. “Para mim, não tem nada de errado nem de ruim. É uma instrução normativa que está de acordo com a Constituição e com a lei [8.112/90]. O que a gente fez foi regulamentar o que não estava muito claro”, declarou.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), autora do requerimento para a realização da audiência, tentou marcar uma reunião de trabalho com o representante do Ministério do Planejamento para chegar a um acordo sobre os pontos criticados. No entanto, ele afirmou que não tinha autorização do ministro para isso e que, em final de governo, eles “já não mandavam quase mais nada”.
A entidade que representa os servidores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) anunciou que entrará com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra a norma do Ministério do Planejamento.
Já a deputada Erika Kokay apresentou um projeto de decreto legislativo (PDC 1065/18) para sustar a instrução normativa. “Entendemos que essa norma é abusiva, inconstitucional e ilegal”, afirmou.
Agência Câmara.