Em encontro nacional, servidores aposentados repudiaram investidas do governo contra os setor público e denunciaram peso do congelamento salarial e aumento de alíquota previdenciária; atos nessa sexta protestam contra reformas do Estado
O primeiro encontro realizado pela Condsef/Fenadsef após a eleição da nova direção, ocorrida em dezembro, foi voltado para os aposentados e pensionistas da categoria. Preocupados com os efeitos da reforma da Previdência, que aumentará as alíquotas de contribuição e limitará acúmulo de pensões a partir de março, os participantes combateram o discurso de privilégio que o governo insiste em afirmar contra servidores públicos e reforçaram que, diferentemente da iniciativa privada, aposentados do Estado seguem contribuindo com a Previdência Social.
Durante a abertura do evento, realizado nesta quinta-feira, 23, o secretário-geral da confederação, Sérgio Ronaldo da Silva, também aposentado, destacou a unidade histórica pela qual a categoria passa no momento, mobilizada em defesa de serviços públicos gratuitos e de um Estado forte. Para o dirigente, aposentados não são inativos nunca. “Nosso desafio é dialogar com as bases contra a venda do patrimônio público. A nossa luta e nossa resistência é por nenhum direito a menos!”, bradou em discurso aplaudido e reforçado nas falas seguintes.
Preocupações
Com as alterações da Emenda Constitucional 103, além do acréscimo do desconto no contracheque, as novas regras ainda permitem que o governo cobre contribuições extraordinárias se assim julgar necessário. Com o pagamento de altas taxas de plano de saúde, congelamento de salários há três anos, desconto do INSS e possibilidade de contribuição extraordinária, os servidores aposentados declararam que estão sendo empurrados para a miséria. O peso de salários congelados, aumento de contribuição previdenciário e do cuidado com a saúde trazem grande preocupação com o futuro que querem seguir vivendo plenamente.
Em palestra pela manhã, o consultor sindical Vladimir Nepomuceno recordou a situação precarizada do Chile, que, durante o governo ditatorial de Pinochet, cortou direitos sociais e instaurou a política econômica liberal da Escola de Chicago – onde Paulo Guedes se formou -, resultando em uma sociedade envelhecendo em situação miserável e com altos índices de suicídio.
O secretário de Aposentados e Pensionistas da entidade, Herclus Antônio Coelho de Lima, reafirmou o engajamento na construção da resistência. “O idoso quer lutar e quer vencer. Nós vamos continuar na batalha”, declarou. Foram eleitos também no encontro os novos representantes do departamento.
Mobilizados
Para combater esse cenário, protestar contra o aumento em alíquotas previdenciárias e reinvindicar fortalecimento dos serviços públicos prestados à população, servidores aposentados e pensionistas de todo o Brasil realizam atividades nessa sexta, 24, marcada pelo dia dos aposentados.
Em Brasília, o ato do Dia dos Aposentados e em defesa dos serviços públicos acontece a partir das 9h30 no Espaço do Servidor, na Esplanada dos Ministérios. Além de um ato cultural, está prevista uma palestra sobre direitos dos servidores aposentados. Às 11h30 um documento em defesa dos serviços públicos deverá ser entregue no Ministério da Economia. A atividade faz parte de um calendário em defesa dos serviços públicos que deve culminar com um dia nacional de lutas e paralisações de atividades em todo o Brasil no dia 18 de março.