Após ultrapassar 3 mil mortes nas últimas 24 horas, número que saltou mais de 40% a média de duas semanas atrás, o Brasil testemunha um capítulo trágico de sua história, que só pode ser superado com mobilização popular. Nesta quarta-feira, 24, servidores públicos chamam atenção para o Dia de Luta do Funcionalismo, conforme deliberado pelo Fórum de Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe). A data clama pela defesa dos serviços públicos, contra a Reforma Administrativa e as privatizações.
Às 10 horas, em ato presencial com respeito aos protocolos de segurança contra Covid-19, servidores entregam documento com reivindicações ao ministro da Economia Paulo Guedes. Conforme detalha o Secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, a pauta dos servidores é extensa. O documento destinado a Guedes pede também a reposição das perdas salariais acumuladas desde 2010 e do poder aquisitivo da categoria, que atualmente é 46,2% do que era no passado, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“É inadmissível que o governo continue fazendo propaganda enganosa, dizendo que o serviço público está bem. O servidor público está ganhando quase metade do que ganhava há 10 anos. 67% do funcionalismo está pendurado em consignados”, revela. “Hoje vai ser um dia intenso. Alguns setores, como a Educação e outros, vão ter greve. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) tá orientando lockdown [da classe trabalhadora]”, anuncia.
Transmissão de ato político
As reivindicações ao governo ainda incluem a defesa dos direitos previdenciários, a liberdade de organização e manifestação, o direito de liberdade de expressão e a garantia do cumprimento de acordos feitos em gestões anteriores, que deveriam ser mantidos. Levantamento da Articulação Nacional das Carreiras Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (Arca) contabiliza 684 denúncias de “assédio institucional” nos últimos dois anos. O que une todas as situações é o cerceamento à liberdade de expressão.
“Os servidores não podem ser vigiados por uma ‘ABIN paralela’, não pode haver assédio moral”, enfatiza Silva. Neste Dia de Luta, também está prevista programação especial com ato político que será transmitido ao vivo pela TV Câmara e pelo YouTube, das 18 às 20 horas. A programação contra a Reforma Administrativa, promovido pela Frente Parlamentar Mista do Serviço Público em parceria com o Fonasefe, contará com a participação de parlamentares, lideranças e representantes de entidades sindicais. [Assista aqui]
“Hoje é um dia importantíssimo para colocar em evidência todo o desmonte que o governo Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes estão orquestrando no País. Chegou a hora de dar um basta em tudo isso. Esperamos que este 24 de março dê nova dinâmica ao processo de mobilização para impedir aprovação da PEC 32 [Reforma Administrativa]. Não é possível que a gente permita a destruição dos serviços públicos”, ressalta Sérgio Ronaldo. “A hora é agora, se não o remédio pode não funcionar depois”, finaliza.
A mobilização popular é uma ferramenta democrática potente. É preciso lutar para que os direitos sejam garantidos. Participe!
Condsef/Fenadsef