Cerca de cem servidores do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) estiveram reunidos em assembleia, na tarde de 12 de abril, para discutiram a atual situação do órgão, que vem sendo ameaçado de extinção pelos constantes cortes orçamentários, sucateamento de seus laboratórios e deficiência de mão de obra especializada, devido à falta de concursos públicos.O debate foi proposto por representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado do Amazonas (Sindsep-AM) e contou com o apoio da Associação dos Servidores do Inpa (Assinpa), Fórum de Ciência e Tecnologia (FC&T) e Comitê Inpa pela Democracia.
Durante o ato, que marcou o início da mobilização de resgate do Inpa, pesquisadores, funcionários de carreira e até alunos de pós-graduação do órgão destacaram a importância da realização esse primeiro apelo. A ideia é que se construa o fortalecimento da classe, afim de se evitar que o Inpa feche as portas, como vem ocorrendo com outros órgãos, devido ao processo de desmanche nacional do setor da Ciência e Pesquisa.
“O Inpa está deixando de ser protagonista. A nossa comunidade está completamente desfragmentada. A crueldade do sistema está deixando a nossa ciência e tecnologia ir por ‘água abaixo’. O nosso conhecimento está indo para lixo. O Instituto de hoje precisa ser mudado. Tudo o que vem acontecendo no nosso instituto é vergonhoso”, frisou o secretário de administração do Sindsep-AM, Jorge Lobato, que é servidor de carreira do Inpa.
Segundo a pesquisadora Sônia Alfaia, a situação é muito grave. Ela afira que, nos últimos anos, os editais para novos concursos desapareceram da entidade, ocasionando um risco eminente à continuidade das pesquisas realizadas pelo Inpa. Ela explica que, atualmente, ao menos 40% dos servidores ativos já receberam abono permanência, para que continuem trabalhando mesmo após terem direito à aposentadoria.
“Não existem profissionais que possam substituir os pesquisadores. Não se tem uma expectativa de reposição no quadro de funcionários. Não temos para quem repassar toda uma linha de pesquisa que foi conduzida por anos”, revelou.
Ainda de acordo com Sônia, o Inpa está praticamente parado, sem recursos financeiros para realizar e concluir as pesquisas. Ela destaca que esta é a pior crise já vivida pelo instituto, e salienta a necessidade de união dos servidores para sensibilizar a sociedade em favor da ciência e da pesquisa locais, e que o próximo diretor do Inpa, a ser escolhido em junho deste ano, esteja envolvido diretamente com as questões do órgão e da Amazônia.
“A primeira etapa do fortalecimento passa pela escolha do novo dirigente. É fundamental que se tenha um diretor comprometido com o Inpa, com a Amazônia e que seja da região. Que conheça os problemas e que tente solucioná-los. Precisamos nos aproximar das comunidades, passar os conhecimentos que estão dentro do instituto. A situação é tão seria que hoje não tem combustível para sair a campo. Nem a coleta de lixo do Inpa está sendo mais realizada”, comentou.
Já o secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos, disse que é preciso discutir a atual situação do Inpa com seriedade e envolvimento dos servidores, para tentar garantir o futuro órgão. Matos acrescentou que essa crise é resultado do sucateamento e do plano de ataque as instituições públicas feitas pelo ilegítimo governo.
“É preciso reverter o processo de sucateamento. A situação é de extremo abandono. As investidas contra o Inpa não são isoladas. Isso é um golpe duro que gerou reflexos negativos nas instituições. A falta de reação dos servidores também é preocupante. Vamos enfrentar uma batalha muito grande para salvar o nosso instituto de pesquisa”.