Entra ano e sai ano e a violência contra povos do campo, das águas e das floretas no Brasil segue ameaçando e tirando vidas. Nos últimos dias de 2024 e primeiros de 2025, ataques ao povo Avá-Guarani, no Paraná, e o assassinato de agricultores assentados em Tremembé, interior de São Paulo, seguem revelando a profundidade do problema.
Nessa nota de solidariedade às vítimas desses crimes, que devem ser exemplarmente punidos, a direção da Condsef/Fenadsef reforça que políticas públicas são essenciais para barrar esse cenário. São fundamentais a demarcação de terras indígenas e também uma reforma agrária que de fato promova condições para a produção agrícola e para a melhoria da vida no campo. Passa por esse caminho a valorização de serviços públicos e dos servidores que atuam diretamente na execução dessas políticas; direitos constitucionais do povo brasileiro.
Lembramos também que esses ataques têm relação direta com a atuação política da bancada do agro no Congresso. Enquanto o setor recebe volumosos recursos públicos em créditos, incentivos, isenções tributárias e perdões de dívida, realiza campanha ferrenha pela redefinição dos direitos dos povos indígenas às suas terras, por meio da instrumentalização do STF em direção a um acordo em relação à aplicação do chamado “marco temporal” para a demarcação de terras indígenas, já declarado inconstitucional. O resultado desse processo, que aponta para a captura de mais recursos públicos com vultuosas indenizações, é o aumento da violência direta que esse quadro de insegurança jurídica gera.
O ataque aos trabalhadores rurais ocorre em um contexto de dois anos sem desapropriações de terras para reforma agrária. Enquanto isso, o lobby ruralista avança no Congresso com projetos de lei do chamado “pacote anti-MST”, que visa restringir as ações do movimento e as políticas de reforma agrária.
Garantir direitos por meio de políticas públicas é, para a Condsef/Fenadsef, o único caminho possível para que povos indígenas e trabalhadores no campo tenham, como todo cidadão, a possibilidade de ter esperanças renovadas a cada ano novo. A luta por mais e melhores serviços públicos é, antes de tudo, a luta pela vida. Sem mortes, sem ameaças, sem crimes. Basta de violência!
Condsef/Fenadsef