A direção do Sindsep-AM vem a público expressar seu profundo repúdio às recentes declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Em uma entrevista à Rádio Metrópole, na última segunda-feira (11), o ministro afirmou que o funcionalismo público “tem tendência à inércia” e que precisaria de “uma fungada no cangote” para ter “mais agilidade”.
Essas declarações são vistas pela entidade como desrespeitosas e desconsideram a dedicação e o comprometimento dos servidores públicos, que, mesmo em condições adversas, conduzem políticas públicas essenciais para o Brasil. Durante a pandemia, por exemplo, muitos servidores deram a vida para garantir que a população não ficasse sem serviços públicos.
O secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos, expressou sua indignação, destacando que o ministro não conhece a realidade dos servidores públicos. Ele citou o exemplo dos servidores que se aposentam, após décadas de trabalho, com vencimentos básicos insuficientes. Matos também criticou a extinção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a falta de ação para reestruturar a instituição.
O Sindsep-AM lembra que os servidores públicos desempenharam um papel crucial na derrota do ex-presidente Bolsonaro nas urnas. Eles esperavam respeito e apoio do atual governo, não declarações desrespeitosas.
“A primeira coisa que o ministro precisa fazer, já que ele quer celeridade, é reconhecer que o trabalhador, a trabalhadora, quando bem incentivados, são eficientes e produtivos. O que os servidores precisam é de respeito por parte de qualquer governo. Nós ajudamos a derrotar o Bolsonaro, mas nós não vamos passar panos quentes na cabeça do presidente da República”, criticou.
O Sindsep-AM pede que o governo cumpra suas promessas de campanha de reestruturar os órgãos públicos e as carreiras dos servidores, e reitera sua independência e autonomia para se posicionar em defesa dos direitos dos servidores públicos. “O sindicato é independente e livre para se posicionar do jeito que quiser, na hora e lugar que quiser e que puder”.
Conforme Walter Matos, em meio à campanha salarial dos servidores, o ministro deveria estar buscando soluções para resolver as desigualdades existentes entre as várias carreiras dentro do Executivo, ao invés de atacar os servidores. Muitos órgãos, como o Ibama e o Incra, estão trabalhando com um quantitativo mínimo de servidores e estão desmantelados.
“Nós não temos culpa de terem sido criadas carreiras por órgão, o que é uma política equivocada, pois a carreira deve ser uma só. Isso gerou esse monte de tabelas salariais que hoje existem, com um nível médio recebendo R$ 14 mil num órgão e, o mesmo nível médio, em outro órgão, receber R$ 6 mil. Isso é um absurdo e é sobre essas questões que o ministro deveria se posicionar, em vez de chamar os servidores de inertes”, conclui Walter Matos.
Ascom/Sindsep-AM