O ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, revelou que já tem pronto um plano de desindexação da economia que, na prática, vai reduzir aposentadorias e o salário mínimo que nos últimos quatro anos já sofreu com a falta de políticas de valorização sem qualquer ganho real para a classe trabalhadora. A população segue amargando e sofrendo com a alta de produtos essenciais como alimentos e gás de cozinha. Vendo a repercussão negativa de sua fala, Guedes tentou desviar a atenção desse plano perverso para a população alegando ser uma “fake news”. Mas servidores públicos sabem bem que não se pode confiar no que dizem Guedes e o governo Bolsonaro.
Desde meados de 2021 a categoria ouviu declarações de diversos membros do governo, incluindo o próprio presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia de que servidores teriam aumento linear de 5%. Guedes chegou a garantir em passagem por Davos que “até 5% dá”, referindo-se ao reajuste que nunca chegou a ser concedido. Com isso, o governo Bolsonaro entra para a história como o único em vinte anos a não conceder qualquer percentual de reposição ao funcionalismo.
A verdade vivida na pele por milhares de servidores é essa: o que o governo Bolsonaro-Guedes diz, principalmente sobre propostas de algum avanço, ainda que pequeno, para a classe trabalhadora, não se pode confiar. Ao analisar a proposta de desindexar salários e pensões, o professor e economista da Unicamp, Marcio Pochmann, chama atenção para o fato de que o Brasil tem um dos pisos salariais mais baixos do mundo, e ainda assim o governo se preocupa em reduzir o reajuste que acompanha a inflação para arcar com os custos exorbitantes dessa eleição onde promessas sem garantia orçamentária fazem parte do dia a dia da campanha de reeleição.
Cálculos recentes divulgados pela imprensa mostram que, somadas, as promessas de campanha feitas até aqui pelo atual governo chegam a quase R$ 159 bilhões sem quaisquer garantias de que esses recursos estão assegurados no próximo orçamento. As consequências nefastas dessa desindexação dita por Guedes serão muito piores com o que virá, pois o governo Bolsonaro, além de arrochar os salários e pensões, vai, na verdade, realizar uma brutal austeridade econômica para evitar a explosão da inflação, além de não conseguir segurar os aumentos de preços e do desemprego, avalia Pochmann.
‘Granada’ de Guedes tem que ser desativada
O funcionalismo, por exemplo, segue sem garantias já que o que está apontado para o orçamento 2023, na prática, sequer alcança os 5% antes propostos e prometidos pelo próprio governo, mesmo com as perdas salarias da categoria superando os 32% só nos quatro anos de governo Bolsonaro. “A ‘granada no bolso do inimigo’ que Paulo Guedes prometeu ao falar do congelamento de salário dos servidores será uma potente bomba contra todo o povo brasileiro e precisa ser desativada”, comenta o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva.
Ataques ao funcionalismo não param
Outra declaração de Paulo Guedes dada no último dia 27 em entrevista ao podcast Flow diz respeito a intenção do ministro em fixar limite na aposentadoria de servidores públicos não mais pelo teto do INSS, mas um valor de no máximo R$ 5 mil. A proposta de Guedes autoriza que o segurado contribua ao sistema previdenciário por um valor, mas receba menos de 20% do que pagou. “O homem que ajudou a destruir as aposentadorias dos chilenos quer fazer o mesmo no Brasil, mas não irá proposperar, vamos seguir lutando para que o respeito a Constituição e ao povo brasileiro sejam vitoriosos”, destacou Sérgio Ronaldo.
Confira mais um plano de Paulo Guedes contra servidores públicos:
Na próxima semana, a Condsef/Fenadsef em conjunto com suas entidades filiadas e entidades que formam a Aliança das Três Esferas dos servidores federais, estaduais e municipais, estarão unidas em atividades de mobilização que culminam com atos pelo Dia do Servidor Público na próxima sexta, dia 28.
Além de denunciar os ataques ao setor público e ao funcionalismo, servidores estarão em movimento contra a PEC 32, da reforma Administrativa de Bolsonaro-Guedes. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já declarou que tem intenção em encaminhar votação da proposta de desmonte dos serviços públicos ainda esse ano. Seguimos na resistência em defesa dos direitos da população garantidos pela Constituição e que vão na contramão dessa proposta de destruição dos serviços públicos brasileiros.
Esses últimos quatro anos mostram que o governo Bolsonaro representa arrocho salarial, ataques ao funcionalismo, recusa ao diálogo, manobras e total desrespeito a direitos constitucionais. Isso tem que acabar! O Brasil não aguenta mais destruição e retrocesso!
Condsef/Fenadsef