Representantes de diversas categorias do funcionalismo público federal paralisaram as suas atividades e fizeram atos nesta quarta-feira (16 de março) em diversas capitais e cidades do interior brasileiro e em Brasília, além de atuarem em suas redes sociais. Os atos integraram o Dia Nacional de Mobilização, Paralisação e Greve dos Serviços Públicos Federais.
Na capital federal, os trabalhadores se reuniram no Espaço do Servidor e saíram em caminhada até o Ministério da Economia. Cerca de três mil representantes da categoria, de diversos estados brasileiros, estiveram presentes no maior ato da campanha salarial já realizado em 2022. Eles permaneceram na frente do Ministério até às 13 horas, mas não foram atendidos por representantes do governo.
A partir de hoje, o governo terá sete dias para atender às reivindicações dos servidores. Até o dia 23 de março, a Condsef/Fenadsef montará um acampamento na frente do Ministério da Economia, com uma tenda, caixa de som e servidores públicos que se revezarão dia após dia. Caso não haja negociação e fechamento de um acordo até o dia 23 de março, os trabalhadores poderão deflagrar uma greve geral por tempo indeterminado no serviço público.
“Estamos satisfeitos com a mobilização aqui em Brasília e nos diversos estados ao redor do país. Este foi um momento importante que mobilizou um grande número de servidores. Agora, iremos permanecer, diariamente, na frente do Ministério da Economia, com uma tenda e caixas de som. Paulo Guedes não quer dialogar conosco, mas ele vai ter que nos ouvir. Também faremos pressão nas redes sociais. Não deixaremos Bolsonaro e seus aliados em paz. Somos trabalhadores e estamos há mais de cinco anos sem reposição da inflação em nossos salários. Exigimos respeito”, comentou o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo.
Os servidores lutam contra o desmonte do serviço público que vem sendo promovido pelo governo Jair Bolsonaro, pela reposição inflacionária imediata de 19,99%, pela revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos, e pelo arquivamento da proposta da reforma Administrativa (PEC-32).
Os funcionários públicos têm até o dia 4 de abril para conquistar a reposição inflacionária. Se não houver correção neste momento, ela só poderá ser feita em 2024, devido a legislação aprovada no ano passado que proíbe a reavaliação de salários em anos de transição de mandatos de governadores e presidentes.
A grande maioria dos servidores está sem reajuste salarial há mais de cinco anos e a inflação descontrolada está corroendo o salário de todos, assim como de toda a população brasileira. Mas Bolsonaro não está governando para todos. O presidente demonstrou, várias vezes, que não respeita os servidores.
Bolsonaro finge que não vê os aumentos consecutivos e abusivos dos preços dos combustíveis e gás de cozinha. Cada aumento castiga a população brasileira pois influenciam a subida de preço dos alimentos, das tarifas públicas e de todos os produtos comercializados no país.
O governo alega que não existem recursos para a reposição dos servidores e reservou, na Lei Orçamentária de 2022, apenas R$ 1,7 bilhão. O aumento reservado apenas para servidores da área de segurança pública desagradou a todas as outras categorias do Executivo federal.
Enquanto isso, a Lei Orçamentária destinou R$ 37,6 bilhões para emendas parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões estão no “orçamento secreto”. A Lei também reserva um valor de R$ 1,9 trilhão para o refinanciamento da dívida. Além disso, as contas públicas tiveram um superávit de R$ 64,7 bilhões em 2021. A arrecadação do Governo, em 2021, teve um aumento substancial em comparação com 2020. Houve um incremento de 17,3% na arrecadação de impostos, devido aos constantes reajustes dos combustíveis. Corrigido pela inflação, o valor representa R$ 1,971 trilhão.
Condsef/Fenadsef