O presidente Jair Bolsonaro nunca conseguiu esconder sua face autoritária, mesmo pregando que seria um “escravo da Constituição”. Nos últimos tempos, porém, a desfaçatez tem sido demasiado descarada. Em meio ao gigantesco problema de uma pandemia mundial, que no Brasil já chegou ao descontrole, ele não faz a menor questão de disfarçar o seu desprezo às instituições democráticas, à liberdade de imprensa e aos direitos sociais e trabalhistas.
“Ciente de seu papel como entidade representativa da classe trabalhadora, o Sindsep-AM repudia veementemente as condutas cada vez mais antidemocráticas de Bolsonaro, que não só incentiva, como participa de manifestações que desvirtuam por completo o conceito de soberania, pedindo intervenção militar, fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e a volta do Ato Institucional n.º 5 (AI-5), uma das páginas mais nefastas de nossa história”, diz o secretário-geral, Wlater Matos.
E ainda pior é a incitação ao povo pelo desrespeito às orientações do seu próprio Ministério da Saúde, que reconhece as aglomerações como um risco à saúde pública, e pede o distanciamento social como media de prevenção ao contágio pelo novo coronavírus. Isso é por em risco a vida de seus próprios eleitores de forma deliberada, uma irresponsabilidade que colabora inda mais para que o vírus se espalhe entre a população que tenta de todas as formas se proteger.
É deprimente ver jornalistas em pleno exercício de sua profissão sendo agredidos a chutes e pontapés, e ainda mais triste ver profissionais da saúde serem tratados da mesma forma em manifestação pacífica que pedia por mais proteção às suas próprias vidas, enquanto tentam salvar a de outros.
“É humilhante ver uma gravíssima situação sanitária ser usada para amputar ainda direitos dos servidores públicos, como moeda de troca por apoio político”, comenta Matos.
Segundo o secretário, “lamentavelmente, esse governo nos trouxe ao fundo do poço, e é nosso dever, enquanto entidade que presenta o trabalhador do serviço público, ficar atentos e vigilantes para impedir que se cave além disso. Não tem como afundar mais, precisamos juntos lutar para subir e encontrar uma saída digna em defesa da verdadeira democracia. Mas isso só vai acontecer com união e clareza, pois estamos na escuridão total”.